quarta-feira, 13 de maio de 2009

Garoto superdotado deve se tornar bolsista do CNPq


Guilherme Cardoso de Souza, de 13 anos, foi convidado para trabalhar em um projeto da UFPR. Ele foi o 1.º colocado no curso de Química.

Aprovado em primeiro lugar no curso de Química, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Guilherme Cardoso de Souza, 13 anos, deve ganhar uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Educação (MEC). Ele foi convidado para trabalhar em um projeto desenvolvido na universidade. Nesta quinta-feira (15) Guilherme também deve receber o troféu RankBrasil – O Livro dos Recordes Brasileiros, por ser o universitário mais novo do país.

O garoto superdotado ganhou atenção da imprensa nacional ao ser
aprovado no vestibular de uma universidade pública com 13 anos de idade. No dia que saiu a lista dos aprovados a última sexta-feira (9), Guilherme estava em Caiobá, no Litoral do Paraná. De volta a Curitiba ele disse que ficou emocionado com o resultado e não sabe ainda como vai ser a nova fase de sua vida. “Acho que vai ser diferente, porque em faculdade é tudo diferente”, comentou o garoto que está escrevendo um livro para ensinar Química ao ensino médio.

A mãe de Guilherme, Edna Lopes Cardoso, diz que está feliz, mas ao mesmo tempo preocupada. “Faculdade é totalmente diferente. No Colégio Bom Jesus (onde o estudante concluiu o ensino médio) ele era um xodó, todo mundo o conhecia e eu não me preocupava. Mas, faculdade é totalmente diferente de colégio. São pessoas com outras idades, outros vícios. Alguns podem gostar dele por ser o mais novo, mas outros podem odiá-lo. Tenho essa preocupação, de mãe mesmo. Na faculdade é cada um por si”, explicou Edna, que trabalha como diarista e não freqüentou a escola.

Superdotado

Guilherme completa 14 anos no próximo dia 28 de março e, conforme Edna, o garoto aprendeu sozinho a ler e escrever aos dois anos de idade. Ela tentou colocá-lo na escola com cinco anos, mas a orientação foi que ela procurasse uma particular. Aos sete anos, ele foi matriculado na escola Guilherme Braga Sobrinho. As professoras perceberam o aprendizado rápido do menino que passou a fazer dois anos em um. Fez a 1.ª e 2.ª séries de uma só vez e no ano seguinte a 3.ª e a 4.ª. Com nove anos foi estudar no Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) onde fez a 5ª, 6ª e 7ª séries em um ano. A 8ª série ele já fez no Colégio Bom Jesus, uma das
escolas parceiras do Instituto Bom Aluno, que atende o Guilherme desde 2004.

No colégio ele passou a ajudar o professor de Química, dando aulas de reforço. “Ele desenvolveu uns dois ou três métodos de ensinar Química para que os alunos pudessem ter mais amor pela disciplina”, comentou a mãe. São estes métodos que Guilherme está registrando no livro que está escrevendo. O superdotado contou que começou a desenvolver os métodos ajudando os primos nas tarefas. “Eu dava exemplos que eles acabavam memorizando. Eu não vou colocar tudo no livro, ainda estou organizando, pesquisando bibliografia”, contou.

Guilherme disse que sempre gostou de matemática, mas quando descobriu a Química, por meio de um livro de ciências, que ganhou de um cunhado, ele passou a se interessar pela matéria. Seu maior prazer é estar rodeado de livros e sentado na frente do computador.

Bolsa

Depois de uma reportagem veiculada na televisão, o garoto foi convidado para ser bolsista do projeto "Ontem, licenciando de Química: formando-se docente. Hoje, professor de Química: formando docentes", das professoras Sônia Maria Chaves Haracemiz e Liane Maria Vargas Barboza. O projeto é voltado para formação de professores de Química e analisa como estão os professores que atuam no ensino médio. “Chamou-me a atenção ver o menino ensinando, saber que ele está escrevendo um livro e ainda dizer que gostaria de ser professor de Química. É difícil formar professor de Química. Em 23 anos de magistério nesta área eu consegui formar uma professora que continua atuando. Quando aparecem três candidatos para um concurso de professor na área de Química aqui na universidade já é demais”, comentou a professora Sônia.

O projeto é registrado no CNPq, com direito a uma bolsa mensal no valor de R$ 259,00. “É só o Guilherme fazer a matrícula na universidade que encaminho o nome dele para Brasília. Isso demora um tempo, mas é ele quem deve ficar com a bolsa, pois o bolsita atual está se formando”, explicou a professora responsável.

A mãe aceitou o convite e disse que está feliz em ver o filho ser reconhecido. "Hoje foram tantos telefonemas, tanta gente em casa que nem deu pra pensar direito. Mas aceitamos o convite. Fiquei de conversar novamente com a professora Sônia", disse Edna.
(RPC.COM.BR, 14 de Janeiro de 2009)

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