Campina Grande - Embora não existam dados oficiais que quantifiquem o número de crianças e adolescentes superdotados na Paraíba, é cada vez mais comum encontrar exemplos de estudantes que enfrentam dificuldades em se ‘enquadrar’ ao ritmo das salas de aula convencionais, onde conseguem se sobressair e avançar rapidamente sobre os conteúdos estudados pelos demais integrantes da turma.
No país, conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 2,7 mil estudantes são portadores de altas habilidades/superdotação, ou seja, 0,004% dos 55,9 milhões de alunos dos ensino básico no Brasil.
Mas os especialistas acreditam que esse contingente possa ser maior, já que os critérios utilizados para definir a ‘superdotação’ podem ser divergentes. São considerados superdotados, para o Ministério da Educação, estudantes portadores de habilidades que se destacam em relação ao rendimento apresentado, podendo essas habilidades serem demonstradas em capacidades intelectuais, talentos em artes, capacidade psicomotora, criatividade, produtividade e aptidões específicas.
Identificar uma criança superdotada não é fácil, garante a pedagoga Adalgisa Oliveira. Para ela, o ‘rótulo’ de superdotação muitas vezes pode estar relacionado à má avaliação por parte dos profissionais que acompanham os estudantes. Segundo ela, o diagnóstico de superdotação deixou de ser resultado apenas da avaliação de quociente de Inteligência, o famoso ‘QI’, no final do século 20, e outras características passaram a ser observadas para a identificação dessas habilidades.
É o caso do estudante Jonathan Bernardo de Oliveira, de apenas onze anos. Quando começou a estudar em uma escola pública do bairro de Bodocongó, o garoto conquistou a admiração e virou destaque entre os colegas de turma. “Ele memoriza tudo. Sabe todas as capitais dos países, faz contas muito bem e conhece toda a tabuada. Mas o que ele mais gosta é de aprender todos os partidos políticos e até mesmo os números dos candidatos e das coligações”, observou a avó do menino, Maria do Socorro da Silva, que tem um cuidado extra no acompanhamento da vida escolar do estudante.
No entanto, as habilidades do garoto acabaram levando-o para uma escola particular. “Uma psicóloga que acompanhava ele nos aconselhou e conseguiu uma bolsa total e gratuita para que ele pudesse estudar nessa outra escola. E foi até bom, porque ele não gostava muito de estudar na escola anterior, já que conseguia aprender os conteúdos antes dos demais colegas da turma”, disse Maria do Socorro.
Com um comportamento bastante discreto, o garoto descreve com facilidade o histórico das últimas três eleições ocorridas no Estado. “Sempre assisto ao guia eleitoral. Acho importante porque procuro entender o que passa nele com o conteúdo que a gente aprende em geografia e história na sala de aula”, contou o estudante, que atualmente está no 7° ano do Ensino Médio. “Só não gosto de português”, garante Jonathan.
A Paraíba é o 6º Estado do Nordeste em número de matrículas de alunos portadores de necessidades educacionais especiais, que incluem estudantes que possuem superdotação e aqueles que têm algum tipo de deficiência; segundo os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, coletados no final do ano passado, o Estado recebeu 2.270 matrículas, ficando à frente de Alagoas (1.376), Sergipe (1.853) e do Rio Grande do Norte (354).
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